segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pedagogia da Cidade Alada

A cidade suspensa alimentava-se de tarumãs e camalotes
E só os meninos da beira do rio sabiam conversar com ela
Eu aprendi a conversar com as ruas
A papear com becos e vielas

Ficava melancólico como os casarões
E tinha ereções ao me aproximar de terrenos baldios
Planejei ocupar ruínas para converter-me
Em sol, em réstia, em lua que faz brilhar pedras brancas
Em noites de lua cheia

Aprendi a falar sozinho
Na verdade eu falava com o mato
Só que ele não respondia
Em modo de fala
O mato repercute silêncios
E descobri que pescadores
São o silêncio em movimento
Que os caracóis deslizam nas horas
E que o meu corpo é o lado de dentro de uma canoa
Carrego tralhas
E elas me enfeitiçam
Como os seres da mata

Um comentário:

Izabela Nogueira disse...

Lindo poema meu irmão. Bjos
Izabela.